"Vim pelo caminho difícil, / a linha que nunca termina, / a linha bate na pedra, / a pedra quebra uma esquina, / mínima linha vazia, / a linha, uma vida inteira, / palavra, palavra minha." Paulo Leminski
Não quero o verso perfeito
ou a sorte de um amor tranquilo
quero um destino audaz.
Não penso na folha seca,
nas tempestades da vida,
no vento ou na flor que cai.
Só vejo a cor das palavras,
as pedras do meu caminho,
encruzilhadas na estrada
de onde eu não saio mais.
Possuída, indefesa,
na primazia do desejo
traduzida na leitura
dos meus grandes lábios,
Hábeas Corpus, deleito-me
me dou, libertina
me moldo, escultura
para ser devorada
por tuas retinas
numa bandeja prateada.